Conflito de interesses
“Bancada” das fundações privadas e cursos pagos já controla quase 32% do Conselho Universitário
O Conselho Universitário (Co), principal colegiado da USP, é permeado por fortes conflitos de interesses. O reitor M.A. Zago, o vice-reitor Vahan Agopyan, os quatro pró-reitores e outros conselheiros, que perfazem 39 dos 122 membros do atual Co (31,96%), possuem vínculo expressivo com fundações autodeclaradas “de apoio” e outras entidades privadas que auferem, anualmente, receitas de centenas de milhões de reais com cursos pagos e outras lucrativas atividades privadas.
Os vínculos existentes foram objeto de levantamento realizado em fevereiro de 2015 pela Adusp. Nele é possível verificar que os componentes desta “bancada informal” das fundações privadas e organizações assemelhadas exercem paralelamente, ou exerceram em algum momento, cargos em órgãos deliberativos ou executivos dessas entidades, ou atuam como coordenadores de cursos pagos e outros projetos remunerados.
Além disso, outros membros do Co, além dos 39 já citados, têm ou tiveram relação pontual com as referidas organizações, talvez esporádica, por exemplo ao ministrar aulas nos seus cursos pagos.
Os levantamentos anteriores, realizados pela Adusp em 2001 e 2004, revelaram que a “bancada informal” dos interesses privados possuía, respectivamente, 21,23% e 23,89% do Co. Portanto, teria havido uma expressiva ampliação da presença no Co de docentes ligados a fundações privadas ditas “de apoio” e similares.
Os dados estão disponíveis no quadro Conflito de interesses no Conselho Universitário, que mostra ainda que, na sua grande maioria (35 em 39), tais conselheiros exercem o cargo de professor titular e encontram-se no Co na qualidade de diretores de unidades ou de representantes de congregações.
Tal fato só amplia a gravidade, pois revela a reprodução em cadeia dos mesmos conflitos no âmbito das demais instâncias de administração na universidade.
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