Democracia na USP
No Co de 26/9, reitor elogia a própria gestão e é refutado por conselheiros
O reitor M.A. Zago aproveitou a reunião de 26/9 do Conselho Universitário (Co) para elencar as supostas realizações de sua gestão, que está prestes a terminar. Ele usou transparências para apresentar gráficos com estatísticas favoráveis e imagens de eventos. Fez menção ao Times Higher Education Global Ranking, no qual a USP se encontra em boa posição na América Latina e no Brasil (primeira em ambos). Mostrou tópicos do AJE Scholarly Publishing Report 2016, num dos quais a USP aparece como a segunda instituição universitária do mundo a apresentar maior crescimento, logo após a Academia de Ciências da China. Citou o Guia do Estudante da Editora Abril, publicação que atribui à USP o “melhor ensino de graduação no Brasil”.
M.A. Zago reiterou a “recuperação das finanças” da instituição, que atualmente, afirmou, é a que tem o menor comprometimento com folha de pagamento entre as três universidades estaduais paulistas. Obtido o “restabelecimento do equilíbrio financeiro”, o orçamento da USP estaria sob controle. O comprometimento baixou para 90% da receita: tomando-se “cuidado”, destacou, não haveria “motivo para que a USP tenha qualquer preocupação com o futuro financeiro da instituição”.
Outro item abordado por M.A. Zago foi sua recente viagem aos EUA, para participação de atividades na Organização das Nações Unidas (ONU), entre as quais um encontro com a diretora-executiva do programa ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka: “Esta semana estivemos em Nova Iorque, participando do programa ‘He for She’, nas Nações Unidas”. Numa das imagens que exibiu de tais eventos, o reitor aparece ao lado da diretora do Escritório USP Mulheres, professora Eva Blay, e de “uma série de estudantes da USP que participaram do encontro”. Não informou os custos do deslocamento dessa delegação.
Creche Oeste
Abertas as inscrições para manifestações do plenário, surgiram críticas à explanação do reitor. O professor Marcos Magalhães, representante da Congregação do IME, voltou a cobrar da Reitoria esclarecimentos a respeito da situação da Creche Oeste: “Renovo o apelo que fiz para que se resolva isso”. Magalhães também fez alusão ao processo eleitoral de reitor, na forma de “contraponto”, ao exibir, da tribuna, um exemplar da Revista Adusp 61, que traz um amplo balanço da gestão de M.A. Zago e seria lançada no dia seguinte, no auditório da História. “Eu dei um depoimento crítico à posição da Reitoria naqueles incidentes de 7 de março”, disse.
O representante dos funcionários, Bruno Sperb Rocha, lembrou a demissão de milhares de trabalhadores via Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) e elencou os danos sofridos pela universidade durante a gestão M.A. Zago-V. Agopyan: “Estamos perdendo o hospital de Bauru [HRAC], a Escola de Aplicação foi deixada à míngua, creches sendo fechadas contra a opinião da esmagadora maioria da universidade, inclusive contra decisão desse Conselho”.
Rocha externou que o processo eleitoral de reitor em curso “é uma farsa completa” e que dele participam menos de 2% da comunidade universitária.
Igor Galvão de França, RD da EACH, apontou as contradições existentes na exposição de M.A. Zago. “No começo do ano a gente foi recebido com muitas bombas. O próprio deputado Carlos Giannazi devolveu as bombas ao reitor”, assinalou, referindo-se a episódio ocorrido na Alesp em 8/8. “O fechamento da Creche é muito paradoxal. O reitor foi ao evento da ONU Mulheres, mas ao mesmo tempo ele fecha creche aqui dentro da Universidade. É um absurdo. Como ele pode representar mulheres num evento da ONU, se ele fecha creches na universidade? Não é possível isso. Ter a ‘cara de pau’ de mostrar a foto ainda”.
Regimento da PG
O principal ponto de pauta da reunião do Co foi a reforma do Estatuto da Pós-Graduação, proposta pelo pró-reitor Carlos Gilberto Carlotti. A reforma foi aprovada por 85 votos a zero, com três abstenções, feitos alguns destaques. O Co também aprovou, por unanimidade, a criação da “Praça Milton Santos”, em homenagem ao falecido professor emérito da FFLCH. Nesse momento a palavra foi aberta aos conselheiros.
“A homenagem é justa, mas tardia”, registrou Bruno Sperb Rocha. “É uma contradição que a PM esteja, como nunca antes, montando guarda na porta de entrada da comunidade São Remo, todos os dias, e na parte de dentro do campus esteja parando e abordando quase toda pessoa negra que entra”. Citou a prisão sem motivo de um ex-diretor do Sintusp, Zelito dos Santos, e a abordagem policial sofrida por um diretor do sindicato, Marcelo Pablito (ambos negros). “Isto é uma decisão desta Reitoria, que a PM esteja aqui, agindo desta forma”.
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