Defesa da Universidade
Vídeos da Associação dos Pesquisadores Científicos destacam trabalho de institutos ameaçados de extinção
A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) tem divulgado na sua página no Facebook uma série de vídeos destinados a apresentar o trabalho dos institutos públicos paulistas de pesquisa — alguns dos quais ameaçados de extinção ou de fusão pelo projeto de lei 529/2020, enviado pelo governador João Doria (PSDB) à Assembleia Legislativa (Alesp).
É o caso do Instituto Florestal, tema de um vídeo que se inicia com uma série de perguntas: “Você gosta de andar de bicicleta? Já presenteou alguém com uma flor? Tem uma mesa de madeira em casa? Quer que saia água limpa da sua torneira?”
O vídeo então conecta essas questões ao trabalho de pesquisa científica realizado pelo Instituto Florestal (IF): o Brasil é o maior produtor de resina de pínus do mundo, condição alcançada graças aos melhoramentos genéticos produzidos por pesquisadores do IF, e a resina é utilizada para fazer desde pneus até chicletes, passando por tintas e perfumes. Menciona também o Instituto de Botânica e o Instituto Geológico, os quais o PL 529/2020 pretende fundir numa única instituição.
Outro vídeo produzido pela APqC trata da importância de instituições como o Instituto Agronômico (IAC) e o Instituto Biológico no setor de agricultura e abastecimento. Desde a década de 1930, os pesquisadores do IAC já estudaram e criaram muitos cultivares utilizados no Brasil todo, enquanto o Instituto Biológico desenvolveu 90% das cepas de organismos para controle de pragas e doenças no país. “Do seu alimento de todo dia ao PIB do Brasil, a pesquisa científica de caráter público está presente e atuante”, diz o vídeo.
A página da APqC publicou também uma manifestação do presidente da entidade, João Paulo Feijão Teixeira, contra a aprovação do PL 529/2020. “Não se entende o tratamento dado à ciência, tecnologia e inovação pelo governo do Estado, especificamente aos institutos de pesquisa, que trabalham em prol da sociedade, gerando riquezas, sustentabilidade, saúde pública e igualdade social”, afirma Teixeira.
“Essas instituições dependem do governo estadual para manter as inúmeras realizações de produção do conhecimento e tecnologias e viabilizando a inovação. Desejamos que o governo estadual seja estimulador dessas instituições e que o estímulo se amplie com a urgente reposição de pessoal, impulsionando as pesquisas comprometidas com as necessidades da sociedade paulista e brasileira”, defende.
Ao contrário disso, porém, prossegue Teixeira, o PL 529 “prevê a retirada de recursos da Fapesp e das universidades estaduais paulistas e de recursos de fundos especiais de despesas dos institutos de pesquisas nas áreas de agricultura, saúde e meio ambiente”.
Na avaliação do presidente da APqC, a extinção de diversos órgãos ligados a essas áreas “implicará impensado retrocesso não só na politica de ciência, tecnologia e inovação, mas também na recuperação econômica e na diminuição de desigualdade social no Estado de São Paulo”. A entidade trabalhou com vários deputados para a apresentação de emendas ao texto do PL.
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