Diretoria
Na posse, Ciro reitera compromissos da Adusp
Tomou posse em 28/6, no Auditório Abraão de Moraes (IF), a diretoria da Adusp eleita para o biênio 2013-2015. O professor Ciro Correia (IGc), novo presidente, reafirmou os compromissos históricos da articulação política “Participação”: defesa da “universidade pública e gratuita”, bem como o entendimento de que a Adusp “deve se manter independente de partidos, de governos e da administração da universidade”.
Daniel Garcia |
Ciro discursa durante a posse |
Compareceram à posse representantes do DCE-Livre da USP, Paula Kaufman; da Adunicamp, professor Paulo Centoducatte; do STU, Antonio Alves; do Sinteps, Denise Rykala; da Adunifesp, professor Raul Bonne Hernandez; da Regional São Paulo do Andes-SN, professora Betânia Libânio de Araújo; e da Fasubra, Neusa Santana. Estiveram presentes, ainda, o vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz e a pró-reitora de Graduação, Telma Zorn.
“Resistência”
A professora Heloísa Borsari, que presidiu a entidade na gestão 2011-2013, abriu a assembleia de posse fazendo um balanço do período que se encerrava (http://goo.gl/j2HBt), classificado como de “árdua resistência”, pois “fomos obrigados a investir muito do nosso tempo para defender direitos básicos”, os quais na gestão Rodas estiveram “sob um ataque profundo: os direitos de manifestação, expressão e organização”.
Avançou-se pouco, reconheceu Heloísa, “na meta que, para mim, era central: a de reaproximar a Adusp dos nossos colegas, de torná-la mais presente, especialmente no cotidiano dos docentes mais jovens”. Ela atribuiu o problema a causas diversas, entre as quais as “relacionadas ao modo como temos sido obrigados a desenvolver nosso trabalho na universidade”, e a prática institucional “de individualizar todos os processos, de isolar-nos uns dos outros”.
Daniel Garcia |
Ciro e o professor Victor Abou Nehmi na confraternização |
“Filhos da USP”
Antes de iniciar seu discurso, o professor Ciro cedeu a palavra aos representantes da Reitoria e, em seguida, aos representantes do movimento social. “Estar aqui é um reconhecimento da vitalidade da USP. Todos aqui são filhos da USP e das universidades irmãs”, disse o professor Hélio Nogueira, convidado por Ciro a pronunciar-se. O vice-reitor admitiu a existência de “diferenças”, mas afirmou apostar no diálogo: “A nova diretoria da Adusp deve buscar o entendimento. Minha presença aqui é para reforçar esses laços”, completou.
“Eu me associo ao professor Hélio, em estar próxima à representação dos nossos professores, que é uma posição muito importante na Universidade, e desejo sucesso ao professor Ciro”, disse a pró-reitora Telma Zorn.
Em suas falas, todas as entidades presentes reiteraram sua disposição de prosseguir trabalhando com a Adusp em defesa das pautas comuns, entre elas a democratização da universidade, a defesa da transparência e a luta contra a expansão do ensino privado no estado.
Interlocução
Após ressaltar a afinidade de princípios que sustentam os laços existentes com as entidades ali representadas, o professor Ciro destacou a importância da presença e manifestação dos representantes da Reitoria, por registrarem o entendimento comum sobre a necessidade de interlocução entre a administração e a entidade que representa a categoria. Enfatizou a compreensão de que, para tanto, é preciso explicitar posições, por divergentes que possam ser.
A seguir, apresentou os demais membros da diretoria eleita: César Minto, da FE (1º Vice-Presidente); Osvaldo Coggiola, da FFLCH (2º Vice-Presidente); Francisco Miraglia, do IME (1º Secretário); Antonio Carlos Cassola, do ICB (2º Secretário); Lighia Mathsushigue, do IF (1ª Tesoureira); Adriana Tufaile da EACH (2ª Tesoureira); César de Freitas, da FOB, Diretor Regional de Bauru; Demóstenes Filho da ESALQ (Diretor Regional de Piracicaba); Andrés Vercik, da FZEA (Diretor Regional de Pirassununga); Caio Gracco Dias, da FDRP (Diretor Regional de Ribeirão Preto).
Ciro deu início ao seu discurso (http://goo.gl/t8Nhv) retomando os avanços que o movimento social obteve na Constituição de 1988 e os ataques da burguesia aos princípios republicanos e direitos sociais nela inscritos que se aprofundam desde então.
“Perplexidade”
Ao tratar da situação da USP, em relação a questão da gestão democrática nas instituições públicas de ensino superior, o professor assinalou que em outras universidades, como Unesp e Unicamp, registraram-se avanços significativos, como maior participação de docentes em início de carreira na estrutura de poder e implantação de mecanismos de eleição para cargos de direção.
Para Ciro, nestes e outros aspectos a USP registra “um atraso que causa perplexidade”: “Aqui não se admitem eleições ou consultas que envolvam o corpo docente, de funcionários e estudantes; aqui, o direito à voz é concedido, essencialmente, apenas aos guindados ao topo fechado da carreira, os titulares; aqui, a estrutura de poder se desfigura com a presença de gestores das fundações privadas autodenominadas ‘de apoio’, em absoluto desrespeito aos princípios elementares da administração pública; aqui, o fetiche da propalada ‘excelência’ e as últimas mudanças introduzidas na estrutura da carreira impõem a competição e sonegam a cooperação entre pares; aqui, não se aplica, de ofício, o direito ao acesso a informações; aqui, as políticas de inclusão de minorias étnicas e sociais permanecem pífias; aqui, o rico esforço coletivo por uma Comissão da Verdade foi abruptamente golpeado; aqui, cada vez mais os ocupantes da Reitoria sentem-se à vontade para tratar questões reivindicatórias na perspectiva da repressão policial.”
“Uso da máquina”
O novo presidente da Adusp denunciou que “os ocupantes da Reitoria sentem-se à vontade para colocar as instâncias colegiadas em segundo plano e para fazer uso da máquina administrativa para permanecer no poder, afrontando a perspectiva da moralidade administrativa”. Não é aceitável, disse Ciro, que “em ano eleitoral como o que transcorre, se deem visitas oficiais de seus próceres a diretores de unidades, em missão de propaganda, defesa ou cooptação para esta ou aquela candidatura”.
A Adusp, enfatizou, permanecerá na luta contra a privatização do espaço público, na defesa de suas propostas de mudanças na carreira docente e na campanha pela “inscrição no Estatuto da USP da consulta de caráter paritário para reitor”.
Encerrada a posse, a Adusp ofereceu um jantar de confraternização no Clube da Universidade.
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