Conjuntura Política
Na Esalq, Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária tem início nesta quinta 3/9, com debate sobre conjuntura dramática do país e “total descaso governamental em relação às famílias agricultoras assentadas ou acampadas”
7ª JURA terá eventos virtuais toda quinta-feira às 19 horas, até 1º de outubro. Serão discutidos temas como violência no campo, criminalização dos movimentos sociais, impactos da pandemia sobre a população dos assentamentos rurais, a questão da solidariedade como contraponto ao mero assistencialismo e os desafios da produção de alimentos saudáveis e das medidas para superação da fome no país
Em razão da crise sanitária que o país enfrenta desde o início do ano, a 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), que se inicia nesta quinta-feira (3/9), ocorrerá de forma remota e com intervalos de uma semana entre os eventos. O contexto no qual transcorrerão seus encontros virtuais “é de total descaso governamental em relação às famílias agricultoras assentadas ou acampadas e de absoluta paralisação de qualquer ação em favor da reforma agrária”, dizem seus organizadores. Portanto, a 7ª JURA “tem o objetivo de abordar esta dramática situação, insistindo sobre a urgência de abordar e de agir em relação à questão agrária brasileira”.
Os encontros virtuais deste ano contarão notadamente com a participação de convidados com diferentes horizontes de conhecimento, permitindo discutir importantes aspectos dos direitos sociais, da violência no campo, da realidade dos assentamentos rurais, da segurança e soberania alimentar e da reforma agrária em tempos de pandemia. O papel da universidade pública será particularmente considerado. Os eventos da 7ª JURA acontecerão todas as quintas-feiras das 19h as 21h, pelo canal da JURA Esalq no YouTube.
O primeiro deles, intitulado “O que está acontecendo na nossa sociedade?”,terá como tema a realidade conjuntural brasileira, considerando-se a caótica gestão da crise sanitária pandêmica Covid-19, em quadro marcado pelas ações nefastas do governo Bolsonaro-Mourão: destruição de instituições públicas, eliminação de direitos dos trabalhadores e ataques às populações tradicionais, à educação, à ciência e ao meio-ambiente. Nesse cenário, a intenção é também debater as resistências e possibilidades de mobilização social contra os retrocessos em curso.
Como convidados, confirmaram presença Edmilson Costa, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), doutor e pós-doutor em economia pela Unicamp, professor universitário na Uninove, diretor de pesquisa e formação no Instituto Caio Prado Júnior; Juliane Furno, doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp, militante do Levante Popular da Juventude e da Consulta Popular; e Kelli Mafort, integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e doutora em Ciências Sociais pela Unesp.
“Não vamos parar até a violência no campo acabar!”
No dia 10 de setembro, o evento intitulado “Não vamos parar até a violência no campo acabar!” abordará o tema da violência no campo brasileiro, com discussões sobre sua história, estrutura, perpetuação e função. A recorrente criminalização dos movimentos sociais será particularmente tratada, considerando os grupos mais afetados pela violência no campo a partir de casos ocorridos recentemente.
Para este dia, os convidados confirmados são o jornalista Alceu Castilho, autor do livro Partido da Terra: como os políticos conquistam o território brasileiro (Editora Contexto, 2012) e editor e coordenador do observatório jornalístico sobre agronegócio no Brasil “De Olho nos Ruralistas”; Maria Rita Kehl, psicanalista e escritora com nove livros publicados (recebeu o Prêmio Jabuti em 2010) e integrante da Comissão Nacional da Verdade enquanto esta atuou (2012-2014); e Leidiano Farias, historiador e integrante da Consulta Popular.
No dia 17 de setembro, o tema abordado será “A luta pela terra e os impactos da pandemia de Covid-19”.Além de apresentações sobre as origens da questão agrária no Brasil, sobre os acampamentos e assentamentos, sobre as inovações no âmbito dos movimentos sociais rurais (associadas em particular à agroecologia), ocorrerão apresentações de análises e debates do papel de acampados e assentados na pandemia. Contando com relatos de dirigente do MST, o foco será dirigido aqui sobre reinvenções em torno dos movimentos de luta por terra.
Os convidados para desenvolver estes pontos são Tassi Barreto, integrante da Direção Estadual do MST-SP; Ademir de Lucas, professor da Esalq, especialista em Extensão Rural e Organização de Produtores, com atuação em temas como associativismo, agricultura familiar, produção de leite, agroecologia e desenvolvimento local; Paulo Eduardo Moruzzi Marques, diretor regional da Adusp, docente da Esalq voltado para temas como agricultura familiar, segurança e soberania alimentar, assentamentos rurais (entre outros), com atuação no Programa de Pós-Graduação Interunidades CENA-Esalq em Ecologia Aplicada.
“Solidariedade não é caridade: o poder popular em defesa da vida!”
Análises da conjuntura da crise sanitária, política e econômica oferecerão elementos para conhecimento da gravidade do momento no evento agendado para 24 de setembro, sob o título “Solidariedade não é caridade: o poder popular em defesa da vida!”. A partir destas referências, a intenção é discutir a relevância das campanhas de solidariedade realizadas por diferentes atores, com importantes tarefas de conscientização e de transformação. Trata-se particularmente de diferenciá-las de propostas meramente assistencialistas.
Para participar destes debates, os convidados confirmados são Eliane Martins, integrante do Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores por Direito (MTD) e educadora popular do MST, em particular no projeto “Periferia Viva”; Zelitro Luz da Silva, agricultor assentado no Mirante do Paranapanema, formado em magistério rural e membro da Coordenação Nacional do MST; Simone Tomaz dos Santos, licenciada em Educação do Campo e integrante da Direção Estadual do MST; e Gabriel Dias, aluno da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e participante das Brigadas Solidárias do PCB de Guarulhos.
O título do evento de 1º/10 também é sugestivo: “Se o campo não planta, a cidade não janta!”.Neste encontro, serão debatidos os desafios da produção de alimentos saudáveis e das medidas para superação da fome por meio do plano emergencial de reforma agrária popular do MST. Além destes pontos, o quadro alimentar regional no atual cenário nacional será discutido a partir da exposição de Natália Gebrim Doria, presidenta do Conselho Municipal de Segurança Alimentar de Piracicaba (Comusan), mestra em Ciências pela Esalq e nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública da USP.
Também foram convidados a participar desse evento final Luiz Zarref, doutor em Geografia Agrária, membro da Coordenação Nacional do MST, na qual responde pelo setor de produção, cooperação e meio ambiente; e Moriti Neto, jornalista e professor universitário, e um dos editores do site jornalístico O Joio e o Trigo, especializado em questões alimentares.
A inscrição para obter certificado de participação deve ser realizada com o preenchimento dos formulários nos links abaixo:
Abertura: “O que está acontecendo na nossa sociedade?” – 3/9
“Não vamos parar até a violência no campo acabar!” – 10/9
“A Luta pela Terra e os impactos da pandemia de Covid-19” – 17/9
“Solidariedade não é caridade: o Poder Popular em defesa da Vida!” – 24/9
“Se o campo não planta, a cidade não janta: a soberania começa pela boca” – 1º/10
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