Defesa da Universidade
Representação docente no Conselho Universitário precisa aumentar, defendem chapas de professora(e)s associada(o)s
Temas como aumento do número de representantes da(o)s docentes no Conselho Universitário (Co), progressão horizontal, financiamento da universidade e plano de saúde estiveram entre as questões discutidas pelas chapas que concorrem à eleição para representação da categoria de professor(a) associado(a) no Co, realizada de modo virtual na última segunda-feira (27/6). A íntegra do debate está disponível no YouTube.
A eleição para a representação docente nas categorias de professor(a) titular, professor(a) associado(a) e professor(a) doutor(a) ocorre em segundo turno nesta quinta-feira (30/6). Na primeira votação, no dia 14/6, nenhuma das chapas alcançou a maioria absoluta de votos.
O debate foi organizado a partir das discussões em uma lista de professore(a)s associado(a)s e teve mediação de Bruno Caramelli, docente da Faculdade de Medicina da USP e atual suplente da representação da(o)s associada(o)s no conselho.
Participaram do debate a chapa constituída por Rodrigo Bissacot Proença (IME) e Filomena Elaine Paiva Assolini (FFCLRP), e aquela formada por Carla Roberta de Oliveira Carvalho (ICB) e Regilene Delazari dos Santos Oliveira (ICMC).
As duas chapas defenderam a necessidade de discutir os efeitos das reformas previdenciárias, que afetam especialmente a(o)s docentes que ingressaram na carreira a partir de 2004. A adoção de mecanismos como bolsas ou valorização dos níveis iniciais da carreira estão entre as alternativas mencionadas.
Foi consensual a defesa da necessidade de ampliar a representação docente no Co, a exemplo do que já ocorre na Unesp e na Unicamp. Embora reconheçam que é difícil promover mudanças na composição do Co, a(o)s candidata(o)s apontaram a articulação com outros setores que integram o conselho como um dos caminhos para conseguir essa e outras alterações.
Na sua primeira fala, Bissacot destacou que acredita nos recursos online “como ferramentas poderosíssimas de inclusão e mobilização”, afirmou que as propostas que a chapa defende “são muito baseadas no feedback que recebemos no grupo” [lista de discussão por e-mail] e que a principal tarefa da representação “é ser a voz dos docentes e levar os pedidos mais urgentes e que achamos que a universidade deve priorizar”. As posições levadas ao Co serão “conversadas antes” a partir das discussões da lista e da pauta do conselho.
Elaine Assolini pontuou que “os arrochos salariais e as diferentes situações de previdência que afetam o nosso bolso mensalmente são pontos nevrálgicos que marcam a categoria” e serão alvo de atuação da chapa, caso eleita.
Carla Carvalho, por sua vez, defendeu a visão de uma universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade, a promoção de efetiva igualdade de gênero e diversidade étnico-racial, o apoio às iniciativas em prol da recomposição salarial e o fortalecimento do financiamento público da universidade. Lembrou que em outras oportunidades os reitores da USP, Unesp e Unicamp já reivindicaram o aumento do repasse do ICMS-Quota Parte do Estado dos atuais 9,57% para 9,9% ou 10%, discussão que precisa ser retomada.
Regilene Oliveira ressaltou que a chapa atua de forma unificada com a candidatura de Tessa Moura Lacerda (FFLCH) e Soraia Chung Saura (EEFE) à representação da(o)s professora(e)s doutora(e)s, com o objetivo de ampliar a participação das mulheres no Co. Atualmente, as mulheres são 31,5% do colegiado.
Chapas declaram que pretendem manter diálogo com a Adusp
O papel da Adusp como entidade representativa da categoria docente e a disposição de dialogar com a entidade em caso de vitória da chapa foi outro tema abordado no debate, a partir de perguntas enviadas pelo chat.
Bissacot fez críticas a posições assumidas pela Adusp e questionou a representatividade do sindicato, mas ressaltou que pretende dialogar com a entidade. “A Adusp vai ser ouvida, ela tem um papel importante, historicamente principalmente, mas você tem que levar em conta a opinião ampla que muitas vezes não vai ser da Adusp”, pontuou. O docente não é filiado ao sindicato, enquanto a candidata a suplente é, conforme informaram.
Carla Carvalho, que já integrou a Diretoria da Adusp, considera que o sindicato tem um papel fundamental na universidade, assim como as entidades de funcionária(o)s e aluna(o)s, “órgãos independentes da estrutura de poder que representam as categorias”. Afirmou que, caso eleita, manterá interlocução com a Adusp e participará de fóruns e discussões promovidas pela entidade. Regilene Oliveira não é filiada.
Problemático, processo de progressão na carreira precisa mudar
Em relação à progressão horizontal, as chapas concordaram que o processo encerrado recentemente foi muito problemático.
Bissacot defendeu que é necessário haver progressão, mas que “a ferramenta precisa ser melhorada”, porque houve “muito conflito na universidade”. Elaine afirmou que é preciso “melhorar o diálogo dentro dos próprios departamentos”, porque, “à parte as fragilidades do processo, surgiram muitas questões internas” às quais as unidades devem prestar atenção. A professora disse ainda que a distribuição dos claros docentes anunciada pela Reitoria também suscitou muitos questionamentos.
Carla considera que a progressão foi um processo “muito dolorido”, em que cada unidade “usou regras próprias, e não à-toa surgiram tantos problemas”. “A avaliação é um instrumento necessário no tipo de trabalho que nós desempenhamos, mas ela não pode ser feita de novo dessa forma”, afirmou.
Regilene apontou que “as regras não foram colocadas de maneira clara inicialmente, e isso não pode voltar a acontecer”. A docente também manifestou preocupação com a distribuição dos claros.
Outro tema abordado pelas chapas foi a assistência à saúde.
Bissacot e Filomena defendem que a USP deve oferecer um plano de saúde privado a toda a categoria docente e melhorar o atendimento dos planos das unidades do interior, nas quais há muitas reclamações sobre os serviços prestados.
Bissacot afirmou que “é um erro contrapor o Hospital Universitário (HU) ao plano de saúde”. O docente considera que “é preciso fortalecer o HU”, mas que a instituição não tem condições de dar conta da alta demanda.
A outra chapa não elaborou uma proposta específica para o tema. Carla Carvalho considera que é preciso fazer uma discussão que inclua docentes e servidora(e)s técnico-administrativa(o)s e que o HU precisa ser fortalecido tanto para o atendimento quanto para a formação da(o)s estudantes da área da saúde da USP. Regilene Oliveira salientou que “é premente que seja feito algo para melhorar o sistema de saúde oferecido a docentes e funcionários no interior”.
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