Reforma universitária
Reforma universitária pode agravar situação atual
O Brasil corre o risco de ver aprovada, no Congresso, uma “reforma universitária” que pode agravar a situação de nossa educação superior.
Por mais absurdo que possa parecer, ainda hoje uma Universidade, com autonomia para criar cursos e definir currículos e obrigada a fazer pesquisa, não precisa de doutores em seu corpo docente, bastando ter pelo menos um terço do corpo docente com “mestrado ou doutorado”. A partícula “ou” diz tudo: bastam mestres. Há também a exigência, para universidades, de pelo menos um terço dos docentes em regime de tempo integral. Isso poderia ser interessante não fosse a definição de tempo integral: quarenta horas semanais de trabalho na mesma instituição e com uma carga horária de 20 horas de aulas. As exigências feitas a centros universitários e instituições isoladas, onde está a grande maioria dos estudantes e professores, são ainda mais frágeis.
Se essas exigências, cuja origem é a LDB de 1996, já eram ridículas há cerca de uma década e meia, atualmente, quando temos mais do que o dobro de doutores formados no país e uma maior necessidade de produção científica, cultural, tecnológica e artística, elas são absolutamente inaceitáveis.
Fim da pesquisa?
Apesar disso, essas parcas exigências poderão ser mantidas ou mesmo rebaixadas, considerando-se as propostas de “reforma universitária” e emendas aos projetos de lei em discussão no Congresso: há propostas de reduzir o percentual de docentes contratados em 40 horas, aumentando-se a participação de horistas e contratados em tempo parcial; há propostas de retirar qualquer exigência de pesquisa às universidades. Há até mesmo uma proposta de eliminar qualquer exigência de mestres ou doutores em universidades!
Frente a essa situação e considerando o perfil privatista do Congresso brasileiro, é nosso dever, como sabedores da importância da educação superior de qualidade para o desenvolvimento e a soberania nacionais, combater tais propostas. É fundamental que a USP, por meio de seus vários colegiados, bem como as demais universidades públicas, denunciem essa situação e participem ativamente das discussões sobre a questão. Um posicionamento crítico das universidades públicas somar-se-ia às ações da Adusp, Andes-SN e de muitas outras entidades comprometidas com a educação superior de qualidade no país, contribuindo para a luta em defesa do ensino público.
As informações referentes à “reforma universitária” podem ser obtidas na página eletrônica www2.camara.gov.br. Na coluna da esquerda, clique em “Projetos de Lei e Outras Proposições”; os referentes à “reforma universitária” são os PL 4.212 e 4.221, ambos de 2004, e 7.200, de 2006. Há, ainda, as muitas emendas apresentadas, que também são acessíveis eletronicamente.
Matéria publicada no Informativo nº 290
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Carlotti Jr. propõe novo degrau na carreira docente e reconhece que reservas da USP são resultado do arrocho salarial
- Intransigente, Cruesp se nega a discutir contraproposta apresentada pelo Fórum das Seis, mantém reajuste de 5,51% e dá por encerradas as negociações
- Carlotti Jr. pretende gastar R$ 281 milhões da USP para comprar terreno que sediará nova unidade do HC de Ribeirão Preto, que é autarquia estadual; Conselho Universitário votará na próxima terça (3/6)
- Protesto contra desmatamento e construção de fábricas no Instituto Butantan ganha as ruas do bairro; em entrevista à “Folha”, diretor fala de parcerias milionárias
- Assembleia Geral da Adusp propõe ao Fórum que apresente ao Cruesp contraproposta de reajuste salarial entre 8,5% e 10%, e política de reposição