Sucessão Reitoria
Eleição de reitor: com a palavra o Conselho Universitário
O Conselho Universitário (Co) tem nas mãos a possibilidade de fazer história, na sua reunião, solicitada para este mês de agosto. Para tanto, bastará que resolva debater e aprovar a emenda ao Estatuto, já protocolada no Co, que cria a consulta oficial à comunidade, pelo voto direto e paritário, na eleição de reitor(a). Trata-se de simples mecanismo democrático, em vigor há anos na Unicamp, Unesp, Unifesp e UFSCar, mas até agora ignorado pela estrutura de poder da USP.
Daniel Garcia |
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Memória curta. Debate entre os candidatos à sucessão reitoral de 2009, ocorrido em 17 de setembro! Imagine o Co esperar até outubro (como quer o reitor) para, só então, votar a emenda que cria a consulta direta paritária… |
A emenda proposta pela Adusp e protocolada com apoio das entidades estudantis — Diretório Central dos Estudantes-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” e Associação dos Pós-Graduandos “Helenira Preta Rezende” — consiste dos seguintes pontos: 1) institui, como etapa preliminar da indicação de reitor ou reitora, consulta oficial à comunidade, de caráter paritário, por voto direto de todos os docentes, funcionários técnico-administrativos e estudantes; 2) quem vencer esta consulta integrará a lista tríplice a ser eleita pelo colégio eleitoral e enviada ao governador; 3) deixam de existir a lista óctupla inicial e seu respectivo colégio eleitoral.
Uma vez criada no Estatuto a consulta direta à comunidade, a democracia seria ampliada de modo inédito na USP. Isso porque, ao garantir a participação paritária de todas as categorias no processo eleitoral de reitor(a), candidatos e candidatas à Reitoria terão de submeter ao voto seus programas. Vencerá quem tiver o programa respaldado pela maior parte do eleitorado, ampliado para toda a comunidade. O que fará toda a diferença em relação à situação atual.
Velhos hábitos
A estrutura de poder na USP é extremamente conservadora e anti-democrática. Especialmente na gestão que está em vias de terminar, sucedem-se decisões autocráticas, não raramente tomadas à revelia até do principal colegiado da instituição, onde se supõe conte o reitor com ampla maioria. Exemplos não faltam. Foi assim com as sucessivas mudanças na assistência à saúde. Foi assim com a Comissão da Verdade. E agora sabe-se pela imprensa que a Reitoria negociou com o MEC a adesão parcial da USP ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), sem transparência, sem qualquer consulta à comunidade.
Uma vez que as candidaturas a reitor(a) tenham de se submeter ao voto direto, terão obviamente de comprometer-se em cumprir suas propostas. Votar em alguém, no caso, significará optar por um determinado projeto, respaldar um determinado programa. Portanto, quem vencer terá de prestar contas quanto aos compromissos assumidos perante a universidade, como convém no regime democrático. Ficará reduzida, assim, a margem de ação para comportamentos de caráter ditatorial, vinculados ao individualismo exacerbado ou à imposição de pequenos grupos.
Esta a decisão que cabe ao Co! Não é pouca coisa. Aprovar a emenda vai oxigenar a estrutura de poder da USP, cujos beneficiários permanecem agarrados a velhos hábitos, cevados por um conservadorismo de décadas. Se a mudança ocorrer, se o Co fizer história, a universidade só tem a ganhar.
O reitor deseja que a reunião do Co ocorra apenas em outubro! Não custa lembrar, portanto, algumas datas decisivas no cronograma do processo eleitoral anterior, em 2009: 19/8– publicação da nomeação da Comissão Eleitoral; 15/9 a 25/9- Rádio USP entrevista os candidatos; 17/9- publicação da Resolução 5.799, que definiu datas e regras para o primeiro turno; 9/10- publicação da Resolução 5.802, que dispôs sobre o segundo turno; 20/10- realização do 1º turno…
Se não quisermos que o Co deixe para deliberar sobre a emenda quando for tarde demais, já em pleno processo eleitoral, precisamos nos manifestar. É preciso apoiar publicamente, e urgentemente, a solicitação de que a reunião do Co ocorra ainda em agosto. E assinar a petição “Eu quero votar para reitor” (www.adusp.org.br/peticao). Participe!
Você foi consultado a respeito?
• Compra de imóveis no Centro Empresarial Santo Amaro (2011)
• Demissão de 271 funcionários (2011)
• “Sistema Próprio de Saúde”, privatizado (2011)
• Novo Plano de Saúde, por pré-pagamento, privatizado (2012)
• Criação de escritórios no exterior, “USP Internacional” (2013)
• Extinção do CCE e incorporação de seu pessoal à VREA* (2013)
• Adesão ao Enade (2013)
*Vice-Reitoria de Administração
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CAMPANHA EU QUERO VOTAR PARA REITOR
*Atenção: o Conselho de Representantes (CR) se reúne em 19/8 às 12h!
*Na pauta do CR: organização do ato conjunto, por democracia e consulta paritária para eleição de reitor(a), indicado pelas entidades (Adusp, DCE, APG) para 22/8.
*Proposta da Adusp para o ato de 22/8: caminhadas saindo das unidades às 12h e manifestação na Praça do Relógio a partir das 13h.
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