Permanência estudantil
De 17.300 estudantes de graduação que se inscreveram no PAPFE neste ano, apenas 11.600 receberam resposta até agora, aponta carta do Ceupes
Nesta segunda-feira (5/6), o Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais “Ísis Dias de Oliveira” (Ceupes), entidade estudantil do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), divulgou carta na qual aponta “a candente situação relativa à permanência des estudantes na USP que perpassa, entre outras coisas, a questão relativa àqueles que recebem as bolsas de auxílio e permanência da universidade”, por intermédio do “Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil – PAPFE”.
De acordo com o Ceupes, de um total de “17.339 inscrições somente da graduação em 2023, apenas 11.611 tiveram seus resultados entregues”, o que representa uma indefinição quanto a 5.728 inscrições (33% delas). Por outro lado, o edital para a pós-graduação “foi iniciado somente em maio, no meio do período letivo, e ainda não foram disponibilizados seus resultados”.
A carta, redigida em linguagem neutra, lembra que o PAPFE tem por objetivo “o fortalecimento da permanência universitária des alunes de baixa renda da graduação e da pós-graduação, por meio de apoios financeiros e de moradia”, e que em 2022 “um novo órgão burocrático ligado à atual Reitoria foi criado para tratar da agenda relativa à permanência na universidade”, de modo a substituir a antiga Superintendência de Assistência Social (SAS): a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).
De início, acrescenta, a PRIP anunciou um novo modelo para o PAPFE que, de modo geral, proporciona um aumento no número de bolsas disponibilizadas, bem como um suposto aumento no valor dessas bolsas. “Entretanto, já desde a divulgação desse novo modelo, o corpo estudantil apontou problemáticas”, destaca o Ceupes, as quais incluíam, para o recebimento do auxílio, “desde contrapartidas acadêmicas, como também por serviços prestados à universidade”.
Ainda segundo a carta, “após uma mobilização discente no segundo semestre de 2022 em torno da pauta”, a PRIP fez “pequenas concessões, retirando essas contrapartidas acadêmicas, mas que de modo algum foram capazes de melhorar a situação desse modelo de modo concreto”. Em 2023, continua, “às vésperas do início do semestre, após o período de inscrição no edital, os resultados foram cada vez mais postergados e após o questionamento des estudantes sobre os resultados, foi, então, divulgado pela PRIP que estes viriam em chamadas”.
Desse modo, explica o texto, “nesse primeiro momento, cerca de 90% des alunes inscritos no edital se encontraram em listas de espera, sem a menor noção se iriam ou não receber o auxílio, que em muitos casos é o que de fato possibilita a continuação de seus estudos”; igualmente sem contato com a PRIP, “que em muitos casos não respondia os e-mails”; e surpreendidos por esse anúncio que não fora citado no edital.
“De acordo com o divulgado pela PRIP, tal problema na disponibilização dos resultados foi proporcionado pela falta de assistentes sociais suficientes para a análise de todas as inscrições dentro do prazo anteriormente definido, problema esse já recorrente em anos anteriores, mas que nunca produziu um cenário parecido”, diz o Ceupes na carta.
O antigo PAPFE, esclarece, era composto por benefícios concedidos separadamente —apoio-moradia, auxílio-moradia, auxílio-livro, auxílio-transporte e auxílio-alimentação — e que foram unificados na proposta do novo PAPFE. O novo PAPFE ou PAPFE II é composto por bolsas de auxílio-permanência de R$ 800 e bolsas de auxílio parcial de R$ 300 para os estudantes contemplados com vaga em moradias estudantis da USP, como o Conjunto Residencial (Crusp) por exemplo.
Entretanto, prossegue a carta, “apesar de a PRIP se vangloriar do aumento de recursos destinados à permanência estudantil, os valores das bolsas continuam sendo muito baixos” e não atendem a necessidade dos estudantes, principalmente aqueles(as) matriculado(a)s nos câmpus localizados na capital paulista, cidade em que o custo médio de vida chega a ultrapassar R$ 4.500, segundo o Ceupes. “Além disso, ele exclui alunes de graduação que já possuem título prévio de graduação em ensino superior da possibilidade de recebimento desse auxílio e institui uma série de contrapartidas e dificuldades aos estudantes para conseguir o auxílio”.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Reitoria pretende reeditar Estatuto do Docente, para subordinar CERT à Comissão Permanente de Avaliação; instituir nova instância avaliatória do regime probatório, a “CoED”; e ampliar de 6 para 18 o repertório de perfis docentes
- Confira aqui a nova vitória da Adusp no TJ-SP contra a tese da Reitoria de “prescrição” da ação da URV, e outros andamentos recentes do caso
- A continuidade do desmonte do HU¹
- Contratada sem licitação em 2022 por R$ 309 milhões, para gerir HC de Bauru (ex-HRAC) por cinco anos, a Faepa já recebeu total de R$ 592 milhões graças a nove aditamentos
- “Fui aprovado por unanimidade, mas meu nome está sendo veiculado de forma negativa, como se eu tivesse interferido na constituição da banca”, diz prefeito do câmpus de Piracicaba, que repele acusação de favorecimento em concurso de titular