As universidades públicas estaduais acabam de publicar seus balanços de 2022 no Diário Oficial do Estado do Estado de São Paulo. Os números são espantosos, reiterando o que já se sabia: que as instituições fizeram enormes caixas às custas do arrocho salarial imposto às categorias ao longo da última década. Em números redondos, a Unesp chegou ao fim do ano com R$ 1,7 bilhão, a Unicamp com R$ 1,8 bilhão e a USP com impressionantes R$ 5,7 bilhões.

Na edição de 28/3, seção I pp. 82 a 84, a Unesp informou que possuía em 31/12/2022 um saldo de caixa de R$ 1.713.567.601,00. Na edição de 31/3, seção I pp. 57 a 59, a Unicamp declarou que possuía em 31/12/2022 um saldo de caixa de R$ 1.876.696.952,24, e nessa mesma edição, na seção I pp. 53 e 54, a USP informou que possuía em 31/12/2022 um saldo de caixa de R$ 5.730.215.194,41.

Em valores nominais (sem levar em conta a inflação), o montante de R$ 5,7 bilhões disponível no caixa da USP em dezembro de 2022 é idêntico ao orçamento anual de 2019, e quase igual ao orçamento anual de 2020, de R$ 5,98 bilhões. Comparativamente aos orçamentos de 2022, que foi de R$ 7,5 bilhões, e 2023, de R$ 8,4 bilhões, o caixa cevado pela gestão Carlotti Jr.-Maria Arminda corresponde a 76% e 67% respectivamente.

Embora menores, os saldos da Unicamp e Unesp são mais que expressivos. Tais dados confirmam e reforçam o que as entidades do Fórum das Seis e o GT Verbas da Adusp vinham afirmando: que há folga financeira, que permite atender imediatamente às reivindicações de recomposição do poder aquisitivo dos salários do corpo funcional das três instituições, cuja perda acumulada desde 2012 supera 26%.

No caso da USP, fica evidente que todas as afirmações do reitor quanto à suposta impossibilidade de arcar com certos custos, do tipo “o serviço do Hospital Universitário é extremamente caro”, ou “não podemos reabrir a Creche Oeste porque seria preciso contratar 40 funcionários”, constituem clamorosas inverdades. Idêntico raciocínio vale para o vergonhoso sacrifício do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC), entregue aos interesses da fundação privada Faepa.

Além disso, a publicação no Diário Oficial deixa patente quão problemático e injusto é o dispêndio de R$ 197 milhões (em números redondos) que a universidade terá neste ano com o pagamento da gratificação (GVRP) e do Prêmio de Desempenho Acadêmico Institucional, que excluem diversos grupos de servidore(a)s docentes e técnico-administrativo(a)s, tais como aposentado(a)s de ambas as categorias (exceto docentes sêniores no caso da gratificação), docentes temporário(a)s, o(a)s contratado(a)s há mais de 20 anos e quem tenha sofrido qualquer tipo de punição administrativa.

“Essas iniciativas são uma tentativa de calar a boca do movimento, não corrigir qualquer distorção ou perda salarial”, avalia a professora Michele Schultz, presidenta da Adusp e coordenadora do Fórum das Seis. “Às vésperas da nossa data-base, a Reitoria cria essa pretensa salvaguarda com o engodo de superação das perdas salariais e decorrentes das reformas da Previdência. Além de criar diferenças inaceitáveis e injustificáveis entre e intracategorias! Não aceitaremos e exigiremos que haja isonomia, negociação e recomposição dos nossos salários!”, conclui Michele.

EXPRESSO ADUSP


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